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Rica Pessetti

Paternidade: quem foge, está perdendo



Ana e eu nunca decidimos que teríamos um filho. Uma brincadeira na madrugada e um descuido programado decidiram pra gente. Eu sempre fui muito sozinho, gosto da solidão, do silêncio e da auto contemplação dos meus pensamentos. Ana também sempre foi muito independente de tudo. Desde nova aprendeu a cuidar dos próprios assuntos sem a interferência ou permissão de ninguém.


Quando nos encontramos, esse nosso jeitinho de ser também acabou se encontrando, se aconchegando e se acostumando. Claro, teve seus ajustes. Para lá, para cá, acolá. Apertando e soltando os parafusos do relacionamento, às vezes os meus parafusos soltos, às vezes os dela, até que chegamos num modo de vida, de companheirismo, de compartilhamento de vida, de casa, amor e carinho que nos fez querer ficar juntos. E fomos ficando e ficando e ficando. E vamos ficar.


Nós não decidimos ter um filho, mas tínhamos a certeza que se fosse para ter, teria de ser entre nós. Eu com ela, ela comigo.


Ana completou a cartela de efeitos que uma gravidez pode ter. Ela passou por todas as fases e sintomas que a medicina já constatou. Que sofrimento! Eu sofria junto, porque em alguns momentos não tinha o que ser feito para aliviar. Aí, veio o parto! Mas, este momento em específico, vou deixar para que ela mesma conte se algum dia se ela resolver fazer um relato. Mas, digo: que momento. Não tem nada de romântico e ao mesmo tempo tem tudo de mágico.


Quando Ana engravidou fiz uma promessa que levaria a paternidade como uma missão de vida. Acho que tenho conseguido ser o melhor que posso. Mas o que tenho percebido é que Joaquim também tem a missão dele de tornar eu e Ana pessoas cada vez melhores, um casal ainda mais unido, companheiro e amoroso.


Joaquim já está há quase três meses com a gente. Ser pai tem sido a experiência mais gratificante e bonita que vivi até agora. Não é romântico! Mas é gratificante e um compromisso constante de aprender amar. Porque é aquela coisa: se a maternidade é um segredo entre a mãe e Deus, a paternidade só pode ser uma conexão silenciosa (e obrigatório) entre o pai e o seu próprio destino. Quem é pai não pode (ou não deveria poder) nunca fugir disso. Quem foge, está perdendo.

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